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A grande escola da minha vida!

  • Foto do escritor: Marcela Rolim
    Marcela Rolim
  • 17 de mar. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 5 de abr. de 2020

Uma relação tóxica que possibilitou meu acesso à abordagem analítica e que me fez compreender, entre outras coisas, quais eram as minhas responsabilidades na desordem que eu tanto me queixava...


Não é fácil admitir quando passamos por uma relação abusiva e tóxica. Como pode mulheres tão fortes, independentes, de classe média alta, belas, inteligentes, caírem em relações funestas? E aqui me expresso no feminino porque, conforme as diversas pesquisas sobre violência de gênero, são mulheres as que mais sofrem agressões, principalmente psíquicas, em suas relações com parceiros do sexo masculino.


"Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la" Edmund Burke

A violência não bate à porta apenas de mulheres pobres ou de classe média baixa, embora estas, por diversas questões de vulnerabilidades que possam enfrentar, talvez estejam sujeitas, mais facilmente, a essa situação. A violência se manifesta de diversas formas e não vê raça, etnia ou classe social. E eu, que me considero uma mulher instruída, comprovo isso porque fui uma vítima da violência psíquica, aquela velada, cujas invasões parecem sutis, mas que provocam danos na subjetividade feminina.


Foi por causa de uma recorrência de fatos, logo após o término da minha relação doentia com meu ex-namorado, que procurei a análise. Queria entender o que de mim havia colado no adoecimento dele. Precisava entender e distinguir o que era meu e o que era dele naquele emaranhado de atitudes impulsivas e destrutivas. Precisava, urgentemente, me colocar de outra maneira no mundo. Vou explicar.


Vivia numa gangorra de ambivalências; ora eu era a maravilhosa e o ser mais importante da vida dele, ora eu era desqualificada da forma mais cruel possível. Acreditem, já escutei de tudo que se possa imaginar de ofensas e, principalmente, aquelas que são ditas pelo simples fato de eu ser mulher. Enquanto eu estava inserida na relação, e vivendo a minha fantasia psíquica de que ele era meu príncipe encantado, depois de tantas, e tantas mesmo, declarações, eu não tinha percebido os sinais de machismo, posse, insegurança, frieza, entre outros. Só foi a partir do término que o inferno se instalou (à minha percepção, é claro! O inferno já demonstrara sinais e eu não queria ver!) e, foi no divã, que eu pude ter contato com a realidade tal qual como ela era, e o que, de fato, eu estava fazendo comigo mesma.


O que eu percebi diante disso e que gostaria de compartilhar com vocês? Percebi que eu tinha responsabilidade naquele sofrimento de que eu tanto me queixava. Não estou dizendo que eu fiz por merecer toda aquela violência psíquica. Longe disso! Eu não merecia, não mereço e ninguém merece ser violentada e ser desqualificada por ser mulher. O que pretendo aqui é compartilhar o que aprendi sobre mim diante tudo que vivenciei.


É dolorido constatar que EU me coloquei, por diversas vezes, em situações para que ele pudesse pisar em mim, constatar uma necessidade MINHA em provar a ele que eu não era nada daquilo que ele me intitulava ser, e que, tampouco, eu fazia o que ele me acusava de ter feito. Eu não me cansava desse movimento, desse ciclo do qual eu não conseguia interromper porque eu queria, a todo custo, que ele se redimisse das atitudes e palavras e, mais do que isso, eu queria provar quem eu realmente era. E com tudo isso eu gastava minha energia vital para uma situação que eu não tinha controle algum: o adoecimento do outro!


E é isso que quero transmitir a vocês! Nós só temos condições de mudar a nós mesmos, e jamais o outro. E pra isso é preciso querer, ter força de vontade, dedicação, disciplina, vigília, e tudo mais que for preciso, para nos tornar pessoas mais conscientes. Eu percebi que faltava amor por mim mesmo, eu percebi que eu estava vivendo sob a necessidade da aprovação do outro. Isso me trazia dor e me fazia sofrer de me contorcer! O questionamento que eu fazia a todo tempo era como alguém que eu amava tanto tinha essa visão tão distorcida de mim, enquanto o foco da minha reflexão deveria ter sido como eu ainda estava neste ciclo, o porquê dessa necessidade que ele validasse quem eu era e o porquê eu teria que provar os meus valores a quem demonstrou não conseguir enxergar! Notem que eu escrevi "conseguir enxergar" porque, de fato, é isso mesmo, uma vez que ele não se percebia inserido naquele contexto. O olhar dele estava sempre para o mundo externo, e nunca para si.


Ainda tenho muito que crescer, mas garanto a vocês que é possível nos colocarmos de outra maneira no mundo! A cura pela palavra liberta! É doloroso entrar em contato com o nosso lado sombrio, mas é libertador! Sou prova de que é possível ser diferente, ainda que eu esteja em constante transformação. Ainda caio nas minhas próprias armadilhas, mas hoje eu tenho muito mais conteúdo interno para me ajudar. Hoje percebo mudanças estruturais em mim, tenho mais amorosidade em acolher as minhas fraquezas, enxergo o mundo e as relações de uma maneira mais saudável. O começo para tudo é aceitar o que é de fato nossa responsabilidade e ter desejo para mudar. Estou aqui com vocês!


Abaixo deixo dois vídeos: um, que já vi diversas vezes, da atriz Mariana Xavier, onde ela relata um amor tóxico que destruiu o seu amor próprio; e outro, que tive conhecimento não faz muito tempo, mas que me trouxe inúmeras reflexões, da psicanalista Maria Lúcia Homem onde ela aborda o que faz um relacionamento se tornar tóxico e como se dá a construção dessas relações.







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