Permita que os encontros amorosos passem da página 2!
- Marcela Rolim
- 29 de fev. de 2024
- 3 min de leitura
Na era contemporânea, é notável a resistência ao compromisso e a hesitação em definir os relacionamentos. Esse fenômeno reflete um temor profundo da intimidade e da vulnerabilidade emocional.
A psicanálise nos oferece uma lente para compreender essa dinâmica complexa. Desde os primórdios, Freud observou que os seres humanos têm uma ambivalência inerente em relação à intimidade. Por um lado, anseiam por conexão e proximidade emocional; por outro, temem a perda da autonomia e a exposição ao julgamento.
Essa ambivalência é exacerbada pela sociedade contemporânea, que valoriza a liberdade individual e a autonomia. O resultado é uma geração de indivíduos que relutam em se comprometer, temendo perder sua identidade e privacidade em um relacionamento rotulado. Optam pelo descarte e evitação ao invés de encarar os conflitos interpessoais, que sempre existirão e que são normais. O Psicanalista Christian Dunker, retrata muito bem isso, e outras coisas mais, no vídeo a seguir (ele é bom demais!!! Excelente e perfeito vídeo!).
É crucial reconhecer que enfrentar um conflito e atravessá-lo, ao invés de simplesmente descartar a relação, é fundamental para o crescimento pessoal e para a saúde dos vínculos afetivos. No entanto, é igualmente importante discernir entre enfrentar desafios construtivos e persistir em relacionamentos tóxicos, esgotados e sem troca mútua. Enquanto a resolução de conflitos pode fortalecer os laços interpessoais, permanecer em uma dinâmica prejudicial apenas perpetua o ciclo de dor e estagnação emocional. Não confundam!
A hesitação em definir os relacionamentos também está enraizada na natureza fluida e incerta dos laços interpessoais modernos. As redes sociais e aplicativos de namoro proporcionam uma variedade de conexões superficiais, tornando mais difícil discernir entre um relacionamento casual e um compromisso mais sério.
Rotular uma relação, seja como namoro ou apenas 'ficantes', tornou-se uma questão delicada, mas relevante, pois essa atribuição de nome traz consigo um conjunto de expectativas e regras implícitas que antes não existiam. Com a definição, surgem também conflitos potenciais, uma vez que os contratos sociais são frequentemente estabelecidos para gerenciar tensões. Ao nomear a natureza do relacionamento, abre-se espaço para uma negociação saudável e, como diz o ditado, o combinado não sai caro quando ambos estão alinhados.
Além disso, o medo do compromisso está intrinsecamente ligado ao medo do fracasso e da rejeição. As experiências passadas de desilusão amorosa deixam cicatrizes emocionais profundas, tornando as pessoas mais cautelosas em se entregarem novamente. Mas, cuidado! Cautela demais gera uma prisão emocional, onde o indivíduo se fecha em si mesmo, incapaz de se permitir a novas experiências e de estabelecer vínculos significativos.
A pessoa evitativa, imersa em seu próprio autoengano, enfrenta uma batalha interna constante. Essa luta se manifesta como um déficit de intimidade, uma incapacidade de se conectar verdadeiramente com os outros. Ao evitar confrontar suas próprias emoções e medos, essa pessoa se auto sabota, criando barreiras emocionais que a impedem de experimentar a profundidade e a plenitude dos relacionamentos interpessoais. A cada passo em direção à exclusão do outro de sua vida, ela inadvertidamente se afasta ainda mais de uma verdadeira conexão emocional, perpetuando um ciclo de solidão e desconexão emocional.
"Intimidade é você dividir suas incertezas" Christian Dunker
É importante reconhecer que a evitação do compromisso e a relutância em definir os relacionamentos podem levar a uma vida emocional empobrecida. A verdadeira intimidade e conexão só podem ser alcançadas quando nos permitimos ser vulneráveis e comprometidos com outra pessoa.
Permitir-se avançar nos relacionamentos com coragem e autenticidade é essencial para uma vida emocional plena. Ao definir nossos relacionamentos e compromissos, não estamos nos limitando, mas sim criando um espaço seguro para o florescimento do amor e da intimidade verdadeira. Então, que possamos abandonar o medo e abraçar a beleza e a alegria de nos permitirmos amar e ser amados de forma genuína!
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