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Permita-se ser mal vista

  • Foto do escritor: Marcela Rolim
    Marcela Rolim
  • 7 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

"Permita-se ser mal vista,

mal falada, mal avaliada!

Permita que se enganem a seu respeito,

que dêem risadinhas pelas costas!

Permita que julguem, que cochichem, que acreditem saber quem você é!

Permita que te "olhem torto”,

que se afastem, que te excluam, que te rejeitem!

Deixe sua reputação cair por terra, enfrente seu maior pesadelo!

E veja que SIM, ela acaba em morte!

Morte desta que era escrava “dos outros”.

E então viva, viva livre, sem medo.

Porque a “outra” não tem mais poder sobre você.“ Nina Zobarzo



Quando li esse texto da escritora e terapeuta Nina Zobarto eu sucumbi. Renunciei a imagem de perfeição e abracei as minhas imperfeições. Deixei-as visíveis. Não que eu já não tivesse feito isso antes quando me propus ao caminho da psicanálise. Mas talvez agora tivesse outro sabor, a partir de um outro entendimento: descobri que a Marcela forte também pode existir em seus momentos de fraquezas! Momentos estes em que ela estava tão à mostra a ponto dos outros julgarem, apontarem o dedo “podre” como se humano ela ali não fosse. A questão é que a força parte do reconhecimento de que nada é por si só. Tudo advém de alguma coisa. Descobrir que ser forte nos momentos de extravaso é entender o comportamento a partir de uma compreensão do quem vem por trás desta ação e ressignificar questões internas, acolhendo a si próprio e filtrando os adjetivos que colocaram em você. Questionamento como “Quem fala o quê?” pode ser a porta de entrada para reflexões importantes sobre o que vale a pena escutar do outro sobre você e o que vale a pena descartar.


Ser forte é, sobretudo, ter a coragem de se mostrar transparente, de reconhecer e acolher os próprios excessos. Quem tem a coragem de pedir ajuda se preciso for, porque extravasar é humano! E sabe por quê? Porque é fazendo isso que permitimos às mudanças, que nos ressignificamos e que refletimos. Extravasar, muitas das vezes, é saudável. E, olhando pelo lado do aprendizado, os rompantes também podem ser libertadores. Que tal se fazer a pergunta: o que foi o “fato” que te conduziu a esta ação? Pode haver excesso no “modus operandi”, mas quais foram os motivos que te levaram a agir de tal maneira? E que gatilhos despertaram em você? O que você tem a refletir sobre o quê ou quem despertou em você o seu pior lado? Quem lhe julga não comete erros?


Reconhecer que as vezes somos dominados pelos impulsos, pela ira, nos permite olhar para esse lado com mais sabedoria e mais amor, para assim ressignificar. Extravasar, botar pra fora, gritar para o mundo o que te corrói, é também sinal de grandeza e libertação. É o coração pedindo para ser ouvido, é a alma clamando socorro, é o sinal de que algo não anda bem e que precisa de ajustes. Todos nós podemos “passar ao ato” e, de repente, reagir de uma maneira inesperada. Quem nunca? Quem nunca extrapolou tentando chamar atenção para ser ouvido?


Eu cedi e me entreguei ao meu outro lado, que é também normal e humano. Lado este que explode, que grita, que extravasa, que comete erros, que fica em desequilíbrio, que se excede. Lidar com o lado obscuro não é pra qualquer um, não é nada fácil se expor da maneira que se é, por inteiro. Inteiro com as duas facetas - “racional” e “emocional”. Completamente nu, sendo apenas um ser humano. Não é fácil lidar com as falas julgatórias e nada compreensiva dos outros, sendo que não são eles que calçam nossos sapatos. Não é fácil lidar com o desprezo e a culpa que imputem a nós como se estivéssemos sozinhos no mesmo barco e como se o outro fosse a perfeição na terra. Nada é fácil na vida e tendemos a crescer quando tornamos livre quem nós somos, sabendo que é necessário ajustes contínuos em nosso ser. Não é fácil engolir a voz, mas as vezes é o caminho sábio. O único caminho por ora.


Antes de qualquer coisa, é preciso que nos conheçamos e saibamos quem nós somos. Observe a si mesmo, questione-se e identifique o que acha certo ou errado, bom ou ruim, as suas prioridades, o que te acrescenta na relação com o outro, qual a sua participação, e a do OUTRO, na desordem que você tanto se queixa. Sem essa base, correrá o risco de se levar por influências que não estão de acordo com quem você realmente é. Vale destacar que o processo de autoconhecimento deve ser contínuo, afinal, estamos todos em constante transformação. E tudo é um processo e dedicação. Se você está nessa linha, ótimo! Imagina quem nunca fez um trabalho psicoterápico…


Permita-se ser real, permita-se ter e, principalmente, ser voz, com a sabedoria de se colocar. Permita-se romper padrões, rótulos impostos pela sociedade, permita-se a nudez de alma, com erros e acertos.


Marcela Rolim


 
 
 

2 Comments


Flávia Lima
Flávia Lima
May 28, 2024

Amei o seu texto! Obrigada por compartilhá-lo!

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claudiacybelle
Jul 07, 2021

uauuuuuuuuu, muito bom mesmo! Parabéns Marcela. É isso ai.

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