Você já comeu o pão que o diabo amassou?
- Marcela Rolim
- 15 de dez. de 2021
- 3 min de leitura
É uma expressão popular muito usada quando o sofrimento de uma pessoa é muito grande e/ou desespero pelo qual foi submetida é enorme, difícil e dolorido.

Uma música de fundo bem melancólica, uma taça de vinho para potencializar a emoção e voltar no tempo - nas entranhas da dor de ter comido o pão que o diabo amassou - e, é claro, uma plateia de mulheres para socar a minha cara. Este é o cenário perfeito para aflorar a imperfeição de todo o momento sofrido. Até porque para escrever um post desses é preciso que as emoções estejam à flor da pele. Voilà!
Quem aí também já comeu o pão que o diabo amassou? No relacionamento, no seio familiar, nos negócios? Não importa em qual área da sua vida, o que importa aqui é gritar aos quatro cantos do mundo a dor mais dolorida já vivenciada, que materializa com maestria a expressão “comi o pão que o diabo amassou”. Nada que sufoca faz bem, ainda que precisemos falar e falar e falar, quantas vezes forem necessárias, é o exercício mais libertador para o processo de cura dessa ferida. Não significa remoer o que ficou lá atrás, o tempo não volta bebê, muito menos se esquecer de viver o aqui e o agora para imergir em vivências anteriores. O caminho mais assertivo é procurar um espaço para tal, onde você se sinta seguro, com quem te passe segurança e que você possa ressignificar os acontecimentos. Que tal num divã e com um profissional capacitado? Qualquer fazer longe disso não passa de um bate papo com amigos.
A dor do desamparo foi pra mim a dor mais sofrida que eu já experimentei, especialmente num momento tão frágil e sério pelo qual eu passava. E não faço referência apenas a uma forma de desamparo (afetivo, emocional, financeiro). Pensei que não conseguiria suportar aqueles dias sombrios, repletos de lágrimas e questionamentos. Eu não aceitava, por vezes não quis acreditar, a falta de amor, o abandono e a constância do desinteresse, a crueldade, a mesquinhez e o mais puro egoísmo a que eu estava submetida, ali naquele momento sendo eu total indefesa e que não havia nenhuma justificativa para uma atitude desumana daquelas. Verdadeiramente, comi o pão que o diabo amassou! E não é nada saboroso.
"O desamparo é um sentimento de abandono acompanhado de uma sensação de vulnerabilidade, solidão, tristeza e medo. ... Este sentimento causa uma inquietação interior, pois sente falta de ser cuidado por aquele que supostamente deveria estar presente ou nos abandonou".
“As pessoas são como elas são, o resto é nossa fantasia”. Uma afirmação que me fez entender que, supostamente, eu havia fantasiado um outro alguém, a partir de quem eu sou e sinto, que fosse capaz de amar, até mesmo aquele amor ensinado por Cristo a sentirmos pelo próximo. Sim, é da mente humana fantasiar pessoas e situações e consiste num mecanismo de defesa para proporcionar uma satisfação ilusória, que não é ou não pode ser obtida na vida real. Lidar com o desamparo emocional, numa situação em que você mais precisa de suporte, é lidar também com dúvidas sobre o vínculo afetivo construído, uma vez que o desinteresse era manifestado por todas as formas de ausência, silêncio e omissões.
Dessa experiência, tiro grandes ensinamentos. O mais importante deles é que temos que nos a ver com as nossas próprias questões e consciência, o que é do outro cabe a ele e ao seu travesseiro. O outro só pode dar aquilo que tem e manifestar aquilo que sente. Acreditem nos provérbios populares que expressam a condição humana de ir atrás de seus interesses “a fé move montanhas”, “quem tem boca vai a Roma”. Assim, tudo o que for diferente desse esforço implica unicamente em falta de vontade - “uma andorinha só não faz verão”.
Então, meus caros, o exercício diário é trazer a consciência para os fatos, para o que foi posto, e internalizar que temos apenas o controle sobre nós mesmos. Existirão situações que seremos corresponsáveis, na maioria das vezes, em que a colheita terá como base o que cultivamos. Mas também haverá situações em que seremos vítimas das circunstâncias, dos fazeres externos que não temos domínio ou qualquer contribuição. Sendo assim, o que precisamos é cada vez mais de saúde mental, clareza da realidade, segurança de quem somos e o que merecemos, para enfrentarmos as turbulências da vida. Deixemos para o outro suas mazelas, escolhas, medos e ego. Foquemos em nossa “casa” interior, nutrindo-a de luz, bondade, alegria e de muito empoderamento! A vida bate à porta, as oportunidades aparecem a cada instante, e não existe um trilho que nos leve para um lugar perfeito, a felicidade está sempre no caminho. Sorte de quem leva consigo esse lema.
"De amar muito mesmo, eu tava sem lugar pra mim".
Amada, você escreve muito bem! Só consegui ler agora. Parabéns por partilhar sua dor. Existem diferentes formas de comunicação, lembre-se qual delas você merecia, e merece. Não existe só um canal, quando desejamos existem milhares. Siga se fortalecendo e se trabalhando. Você está na direção. um beijo
Amiga, como foi sofrido seu momento… mas o que mais me admira é a sua coragem de se reinventar. Não entendemos o pq dessa atitude, o pq de não te procurar como vc merece… mas saiba que o nosso Senhor Tem o entendkmento de tudo, portanto entrega nas mãos dele; confia! é lindo o seu jeito de amar! E, conta sempre comigo! Bjos Juh
Exexmplo de superação e coragem em compratilhar uma eperiência que será um divisor de água e tua vida e na vida de teus leitores.Parabéns, Arretada!
Essa porrada aí foi foda, teve a ligação da desculpa? kk Já vira a página e vem tomar vinho!
brincadeira a parte Marcelinha, bela escrita e que bom que já está bem de saúde!
some não. ps: tu tá gata